17 fevereiro 2010

De um amor morto

Roubada daqui




De um amor morto fica

Um pesado tempo quotidiano

Onde os gestos se esbarram

Ao longo do ano

De um amor morto não fica

Nenhuma memória

O passado se rende

O presente o devora

E os navios do tempo

Agudos e lentos

O levam embora

Pois um amor morto não deixa

Em nós seu retrato

De infinita demora

É apenas um facto

Que a eternidade ignora



Sophia de Mello Breyner Andresen in "Geografia"

2 comentários:

Vontade de disse...

A eternidade também tem um fim.

Venus in red disse...

Bem vindo, quando se trata de um amor com "morte anunciada"...




Saevium