26 fevereiro 2010

Happy birthday...


...to me



["Não mudamos com a idade na estrutura do que somos. Apenas, como na música, somo-lo noutro tom"  V.Ferreira]

25 fevereiro 2010

Message in a bottle


Roubada daqui





[Disseste-me "A ti, amor da minha vida, convido-te para o meu casamento" ]


Encontro-te ao acaso em sentidos transversais, e nem sempre me ocorre, que o brilho que seguras nos olhos é a causa e não a consequência.


Os meus passos, conduziram-me velozmente através de ti, para além de ti… Agora percebo que não sei recuar, tampouco fazer do limbo a minha residência.
Mas, também percebo que a garantia acaba quando a possuo!

Se em mim permaneces(ras), é porque não sei deixar-te ir… Mas neste bolso onde te transporto, não é seguramente, o lugar onde gostarias de te sentar!
Ficas, porque não sabes deixar-te ir…

Custa-me o teu querer porque não te quero de forma igual… Já lamentei tantas vezes que o meu coração saísse de mim, que deixei de desejar prende-lo! Se nunca soube ser tua, foi porque o amor que te dei não era esse… esse, que tanto sentias e desejavas!

No entanto, meu amigo… amar-te-ei até ao fim!
E até ao fim, desejar-te-ei essa felicidade nua, que tanto procuraste em mim...


[Respondi-te "Irei! Com um sorriso sincero, beijar-te-ei. Sei que estás feliz!"]

23 fevereiro 2010

Turns me... (I)

Roubada daqui



...on - sorriso grande com dentes brancos e alinhados

...off - indiferença atribuída ao excesso de pilosidade nas orelhas e nariz

18 fevereiro 2010

17 fevereiro 2010

De um amor morto

Roubada daqui




De um amor morto fica

Um pesado tempo quotidiano

Onde os gestos se esbarram

Ao longo do ano

De um amor morto não fica

Nenhuma memória

O passado se rende

O presente o devora

E os navios do tempo

Agudos e lentos

O levam embora

Pois um amor morto não deixa

Em nós seu retrato

De infinita demora

É apenas um facto

Que a eternidade ignora



Sophia de Mello Breyner Andresen in "Geografia"

11 fevereiro 2010

09 fevereiro 2010

O coração guarda o que se nos escapa das mãos




"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona ? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo ? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso ”dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."



Elogio do Amor - Miguel Esteves Cardoso

04 fevereiro 2010

01 fevereiro 2010

Se...

Roubada daqui



Corpo errante que em madrugadas cruas
te seduz,te encanta... te baralha, te escapa!



Vem ajeitar-me o cabelo que o vento sacudiu...



Com os dedos, leve e suavemente investiga-me!
Não sabes ao certo quem eu sou,
e eu instigo-te a uma descoberta vendada...


Saberás conduzir-te(me), sem rede?!